Depois de contar sobre o parto, eu me lembrei da minha “chegada”.
O que mais me impressionou ao sair da barriga da minha mãe foi a dúvida: eu era um pedaço da minha mãe ou uma outra pessoa??
Quero dizer, enquanto eu estava lá dentro da barriga dela, eu achava que nós éramos a mesma pessoa. Depois que eu nasci, todo mundo nos tratava como se fôssemos duas pessoas. É isso mesmo?
Eu levei um susto danado e fiquei confusa: como pode acontecer de sermos a mesma pessoa – quando eu estava dentro dela – e passar a ser outra pessoa tão de repente? Será que foi por isso que o meu mundo continuou a ser o corpo da minha mãe?
Eu demorei para “enxergar” a nossa casa, as outras pessoas, o mundo e tudo o mais dessa vida que eu não conhecia. No início, realmente tudo o que me importava era a minha mãe. Era como se somente ela fosse a minha casa.
Agora, percebo que a minha casa não é mais só a minha mãe....isso foi bom, porque era estranho sentir que eu não tinha casa quando ela precisava sair de perto de mim.
E hoje, essa “nova” casa está especialmente alegre e divertida. Tem um monte de gente da família e todos seguram um negócio redondo, coberto com papel laminado e dizem que são um presente pra mim!! Minha mãe me explicou que toda a família se reuniu porque é Páscoa.
Ela está com pressa, arrumando a casa, e acho que foi por isso que ela não quis me explicar o que é a Páscoa. A única coisa que disse – na hora em que estava saindo – foi que porque era Páscoa ela iria à missa, e que um outro dia, quando eu fosse maior, eu iria com ela.
Então, eu concluí que na Páscoa acontecem três coisas:
1. A família se reúne.
2. As crianças ganham bolas enroladas em papel laminado.
3. A mamãe vai à missa.
Além das bolas, eu ganhei uma coelha com vestido de flores e cesta com ovinhos. A coelha é bonita e está sorrindo!
Mas se o ovo vem da galinha, por que eu ganhei uma coelha?
Nenhum comentário:
Postar um comentário