quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

SEMANA 11 - Uma semana triste

Nessa semana parece que aconteceu uma coisa horrível aqui: um acidente onde muita  gente morreu. Eu não entendi bem o acontecido porque minha mãe não me deixa ver televisão e nem que falem nada na minha frente. Além disso, eu não sei o que é acidente. Mas entendi que foi algo horrível pelo jeito que minha mãe e meu pai reagiram ao noticiário.

Sobre morte, acho até que nós - bebês - entendemos melhor que os adultos. Parece ser o caminho inverso, quando a gente sai desse planeta físico e volta pra aí, onde vocês estão. Isso eu me lembro bem do curso: a gente vai para o mundo físico, e depois a gente volta. Só que ninguém sabe quando vai e nem quando volta.

A vinda eu já sei que chama nascimento. A volta acho que é a tal da morte. Só que por alguma razão que ainda não entendi bem, aqui na Terra os adultos acham que nascimento é bom e morte é ruim....vou observar mais para compreender isso, mas alguma coisa me diz que tem a ver com saudade: é aquilo que eu sinto quando minha mãe está longe de mim. Acho que o problema da morte deve ser esse: dá muita saudade porque quem volta para o outro mundo não tem comunicação com quem está nesse mundo daqui.... Ou não?

Falando sobre a minha vida, essa semana eu mudei. Achei que já estava na hora, afinal já sei que minha mãe me ama. Parei de acordar a cada três horas querendo mamar. Resolvi dormir mais e deixar minha mãe descansar. Ela tem estado muito cansada, mas eu não entendo porque.... Eu sei que ocupo bastante tempo. Por outro lado, eu durmo muito, somando todas as horas do dia e da noite. Então eu fico pensando: por que ela não dorme sempre que eu durmo? Se ela pudesse fazer meu horário, aposto que não iria ficar tão cansada!

Sabe que hoje minha mãe e meu pai até comemoraram??! É que eu fui dormir às 20h e só acordei às 04h. Eu ainda não entendo bem esses números que marcam o tempo. Sei que agora preciso mamar menos vezes ao dia. Tenho menos fome porque a cada mamada consigo mamar mais. E também eu já entendi que minha mãe está ao meu lado a qualquer hora da noite. Ela não vai embora. Por isso posso ficar em paz.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

SEMANA 10 - Cólica existe?

Tem várias vezes quando eu choro que alguém diz: é cólica! Daí, começam a fazer massagem na minha barriga e eu páro de chorar porque é tão gostoso.....dizem que a massagem melhora a tal da cólica, que eu nem sei o que é, mas pra mim o que essa massagem faz é carinho - e carinho sempre é bom.

Desconfio que esse negócio de cólica não existe - eu, pelo menos, nunca entendi o que é! O que eu sei que existe e entendo muito bem como é sentir é medo - esse sim é que me faz chorar. Aquilo que falei sobre quando a noite chega, o medo do abandono... 


Talvez se diga que é cólica porque as pessoas não lembram o que é sentir esse medo e parece que a tal da cólica dá também em gente grande - é mais fácil mesmo lidar com coisas que sabemos explicar do que com o que não conhecemos.....o desconhecido dá medo....e medo eu conheço......Chato isso dos adultos não terem muita memória...
 

A outra coisa é que descobri que estamos no verão.  O verão é uma parte do ano (vocês lembram que eles contam os anos?). É um tempo de calor. E aqui onde eu nasci faz muito calor.

Então nós mudamos de casa e fomos para um lugar que eu nunca tinha visto antes - chamaram de praia. Meu pai e minha mãe me mostraram o MAR.
 

É impressionante. Eu lembrava - do curso de preparação - que na Terra tem muita água. Mas eu não sabia que toda essa água era tão bonita. O mar é incrível porque parece que não termina nunca... e nesse planeta onde tudo termina é muito bom ver o mar!

Mas minha mãe não me levou pra dentro do mar. Então eu chorei muito. E olha que dessa vez eu não queria peito, eu queria o MAR! Ela disse para o meu pai que não posso entrar porque só tenho 2 meses. Tem um monte de regra que não dá pra entender....
 

Mas mesmo sem poder entrar, eles me levam para perto do mar e eu adoro - gosto de sentir o vento no meu rosto.  
 

Agora tenho que ir porque é hora de encontrar o MAR!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

SEMANA 09 - O MEU PAI

Essa semana eu comecei a gostar muito do moço chamado Pai.

Entendi que cada bebê tem o seu pai e ele é o MEU PAI. Ele mora com a gente e todo mundo fala que sou a cara dele. Ele diz que isso deve ser parte da programação biológica: os bebês nascem com a cara do pai para que o pai tenha certeza que o filho é dele.

Entendi também que ele gosta muito de mim. E eu comecei a gostar dele também. Mas acho que o meu papai não gosta tanto de mim como a minha mamãe gosta, porque ela passa muito mais tempo comigo do que ele.

Será que TEMPO = AMOR?

Isso eu não sei. Tomara que não... porque minha mãe - ultimamente - passa menos tempo comigo do que quando eu nasci. Ela diz para o meu pai que está mais cansada. E eu sei que ela está mais cansada. Será que ela me ama menos?

Mas acho que tem também outro motivo para eu passar mais tempo com o meu pai. É o seguinte: quando o dia termina e chega a noite eu choro muito. Eu faço isso porque tenho medo e quero ter certeza que minha mãe não vai me deixar sozinha. Mas - apesar dela já me conhecer há dois meses - ainda se esquece que em 99% das vezes que eu choro só quero ficar no peito dela. E não é pra mamar, é só pra me sentir protegida.

E justo quando eu começo a chorar minha mãe fica sem saber o que fazer... Então ela me entrega para o meu pai que começa a andar pela casa de um lado pro outro. E como mesmo assim eu não paro de chorar ele inventou de dançar comigo.

Eu gostei dessa dança e gostei do meu pai. E assim eu paro de chorar. Ele fala pouco – bem menos que a minha mãe – mas dança bastante.
  

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Semana 7 - O ANO NOVO E OS NOVOS SONHOS

Hoje toda a família está reunida de novo, como aconteceu no Natal, naquele dia em que tivemos Papai Noel e o Menino Jesus.

Mas dessa vez é diferente: estão todos juntos para falar sobre o que sonham e desejam para o próximo ano. Minha mãe me explicou sobre isso de próximo ano.

Aliás, essa é uma novidade importante: minha mãe agora tem mania de me explicar tudo porque acha importante eu aprender sobre esse mundo. Eu gosto quando ela explica porque esse mundo físico não é fácil pra gente.

O próximo ano se chama 2013 e esse que terminou foi 2012. Então eu entendi o seguinte: os adultos contam os anos. Mas não entendi de onde vem essa conta. Sei que tenho um mês. E na conta dos adultos já se passaram 2012 anos. Mas quando eles começaram a contar? E por que?

Isso eu não sei responder. Por isso vou mudar de assunto e contar pra vocês o que achei mais incrível: quando muda esse número do ano, os adultos sentem uma grande vontade de mudar.

Estão todos falando sobre seus novos planos e sobre o que desejam deixar para trás. Falam em recomeçar. Alguns escrevem listas. Outros criam grandes sonhos e guardam segredo,  não contam para ninguém. Mas quase todos desejam amor, sentem esperança e vontade de recomeçar.

Eu pensava que todo dia se podia recomeçar porque todo dia - aqui na Terra - termina com a chegada da noite. E como amanhã é sempre depois da noite - é só pensar que amanhã vai ser diferente.

Esperança é aquilo que trazemos quando a gente vem pra esse mundo. A certeza de que estamos melhorando.

E amor – no nosso mundo – é proximidade. Essa proximidade é rara aqui nesse mundo, mas é bem normal aí, vocês sabem. Aquela coisa de se sentir misturado ao outro, se sentir um só.  Eu acho que os adultos desejam o amor porque a solidão parece ser comum por aqui. E solidão – essa que os adultos sentem - é falta de proximidade. Eles esquecem que precisam estar mais perto uns dos outros. Mas eu ainda me lembro e por isso gosto tanto de ficar no colo da minha mãe.

Então meu desejo para 2013 é esse: que os adultos se lembrem de como é bom se sentir um só.