Hoje eu faço um ano! Isso quer
dizer que faz um ano – no tempo que os adultos contam na Terra – que eu saí da
barriga da minha mãe.
Eu adorei o bolo que o meu pai
fez: um queijo branco rodeado de papinha de fruta! Meus pais dizem que ainda
não posso comer bolo de verdade porque tem açúcar.... eles acham muito
importante não comer açúcar porque açúcar baixa a imunidade. Sei lá eu o que é
imunidade, mas certo ou errado, sei que não como o tal do açúcar por enquanto. O
lado divertido dessa regra (mais uma dos adultos!) é que com certeza esse será
meu único bolo de queijo nessa vida!
Minha mãe estava muito preocupada
porque não ia passar o aniversário comigo. Queria muito poder fazê-la entender
que essa coisa de aniversário é uma invenção que nós, bebês, só vamos entender mais
tarde. A gente ainda não liga para essas invenções culturais. Somos meio “aculturados”.
Pois bem. Ela tinha que
trabalhar. Então, pra tentar resolver aquele sentimento muito ruim de que não
estaria comigo na tal data tão importante, achou por bem que o melhor seria me
levar com ela para um lugar barulhento, frio e com um monte de gente estressada
(ela chama de estúdio de gravação). Graças a Deus minha tia avó resolveu me salvar
dessa roubada. Ela convenceu minha mãe que seria MUITO mais divertido se, ao
invés de ir para o trabalho dela, fosse para um programa criado especialmente para
mim! Neste momento entendi que minha tia avó era uma senhora bastante sensata.
Minha mãe devidamente convencida,
fui com minha tia avó a um lugar chamado Shopping Center. Lugar enorme, cheio
de luzes, escadas que sobem e descem sozinhas, comidas de todos os tipos e um
monte de gente carregando sacolas, todos com uma animação incrível! Pelo que eu entendi, as pessoas vão nesses
lugares para comprar coisas – de todos os tipos.
Comprar é algo que vocês devem se
lembrar do curso de preparação para vir para a Terra, né? Lá nos explicaram que
aqui nesse mundo tudo o que é produzido pelo homem - no mundo físico - pode ser
comprado. Eles compram a comida, as roupas, as casas, os brinquedos... tomara que
as pracinhas também possam ser compradas, porque eu adoraria comprar uma pra
mim!
Mas o que me deixou mais fascinada
foram as escadas que se mexem sozinhas. Meu deslumbramento era tão grande que minha
tia avó me chamou de índia. Concluí que ser
índia tem a ver com achar as coisas dos homens da cidade muito fascinantes (a
tal da escada rolante é dos homens da cidade). Fiquei pensando se as índias não
são bebês que nunca se acostumaram com essas doideiras criadas pelos homens da
cidade....vou pesquisar isso mais tarde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário