sábado, 8 de dezembro de 2012

Fazendo um mês

Hoje eu faço um mês!

Minha tia avó chegou em casa de manhã com um bolo lindo e um balão – ela acha fundamental cantar parabéns, ainda que eu só tome leite. Ela é assim, muito animada.

Mas melhor que o bolo lindo foi o que aconteceu depois: tive a minha consulta médica de 1 mês. E a grande surpresa: tenho hoje o mesmo peso do que quando nasci – isso quer dizer que estou muito magrinha... e pelas reações ao meu redor, parece não ser boa coisa...

O pediatra estranhou – e com muita diplomacia explicou pra minha mãe as suspeitas dele: Mamãe está com pouco leite. Ela ficou arrasada, mas o moço chamado PAI e o pediatra conseguiram convencê-la de que mais vale um bebê feliz com leite em pó do que um infeliz com pouco leite de mãe.

E agora a melhor notícia do meu primeiro mês de vida: o pediatra sugeriu a ela deixar de lado a teoria das 3 horas e amamentar sempre que eu quiser!

(Parece que está começando a ficar na moda uma nova teoria... se chama “livre demanda”!)

O problema dos adultos é esse: querer achar fórmula para tudo como se uma fórmula pudesse servir para todos os bebês. Mas nós – bebês – somos todos diferentes. Pode dar livre demanda à vontade pra um bebê regular, e ele vai pedir pra mamar a cada 3 horas. Finalmente alguém que me entende! Hoje começa minha nova vida, livre dos horários!

Oba, ganhei colo e leite! Posso pedir sempre que eu quiser. Vocês vão ver, a partir de agora vou passar a chorar menos. O que é estranho em chorar apenas para dizer que quero ir para o colo? Cheguei há pouco nesse mundo – vamos dizer a verdade – um mundo bem estranho. Essa história toda de mundo físico dá muito trabalho, muita dor, muita fome – e mais do que tudo – uma certa solidão.

Eu tava ali dentro da barriga da mamãe feliz da vida – quentinha e me sentindo conectada com o resto do universo. Havia ali uma compreensão, uma paz, uma aceitação – acho até que dá pra dizer – uma plenitude. Sobre isso, vocês - que ainda não chegaram na Terra - sabem bem, né? Dessa vez não preciso explicar. Aqui fora tudo isso sumiu... Não entendo nada, me sinto desconectada, incompreendida, incompleta. E o lugar que mais chego perto da nossa antiga plenitude é no colo da mamãe.

Vamos falar a verdade, essa vida terrena não é fácil não - esse negócio de estarmos todos separados me parece muito complicado. E o pior é que todo mundo acredita – quer dizer – todo mundo depois dos cinco ou sete anos.

Vai ver que é por isso que tá todo mundo chorando pela partida de um moço... um com nome difícil...Niemeyer acho....vai ver que quando ele estava na Terra, o pessoal não dava colo pra ele....agora que ele voltou para o mundo dos bebês, perceberam como faz falta isso de não estar próximo....talvez fosse mais fácil se prestassem mais atenção pro querer colo dos outros enquanto estão do lado deles....

Mas não quero pensar em nada triste porque estou muito feliz hoje! O pediatra convenceu mamãe a me dar leite sempre que eu quiser e isso é realmente pra comemorar! Tô até pensando em parar de acordar durante a noite. Se eu ficar o dia todo no colo da mamãe, dou uma trégua à noite porque ninguém é de ferro!

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