Nesta semana, eu disse “PAPA” pela primeira vez. Meu pai não demonstra, mas eu sei que ele ficou muito emocionado!
“MAMÃE” eu ainda não disse. Mas com ela é diferente, não preciso falar “MAMÃE” para conseguir me comunicar. Por isso deixei essa palavra para depois.
Com meu pai, por mais presente que ele seja, preciso ser bem clara para fazer ele me escutar. Então, achei mais sábio aprender “PAPA” antes de “MAMÃE”.
Estou muito feliz por ter falado a minha primeira palavra. Falar é mesmo impressionante. Você pensa e, através da fala, os outros te entendem. Até agora, eu ficava torcendo para eles me entenderem. Mas com a fala é outra história. Todo mundo entende rapidinho!
Sou uma bebê, recém chegada nesse mundo físico meio estranho. E é para desabafar que escrevo aqui, mas também com esperança de que sirva para que vocês - bebês que estão por vir - possam se preparar melhor para o que vão encontrar. E tenho também a esperança, ainda que pequena, de que os adultos – inseguros e confusos – também me ouçam, porque a verdade é que os pais e mães, por mais que nos amem, não sabem nos entender...
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
SEMANA 35 - Quero falar!
Eu queria muito saber falar! Estou treinando. Estou realmente precisando aprender a falar porque os adultos não entendem a comunicação fora das palavras!
Agora eu entendo tudo muito mais, mas ainda não sei falar...
Às vezes, quando está tudo em silêncio, eu faço barulhos. E quando alguém fala comigo eu respondo. Do meu jeito, porque ainda não sei usar as palavras. Mas gosto de responder para eles saberem que eu entendo o que eles dizem.
Sabe o que é engraçado? Os adultos acham que porque não sabemos falar nós não os entendemos.
É justo o contrário: nós entendemos tudo. São eles que não nos entendem. Aliás, é importante dizer: é mais difícil falar do que entender. No meu caso, é mais complicado: meu pai fala em uma língua e minha mãe fala em outra.
Explico: os adultos dividiram a Terra em países, e cada país tem a sua língua. A língua (não a que fica na boca, e sim as palavras que saem dela) é algo próprio de cada país. Tem alguns países que usam línguas muito parecidas. E ainda tem países que usam várias línguas.
Complicado.... só sei que a Terra é muito dividida: em línguas, países, culturas e raças.
Língua é como as pessoas falam.
Países eu já falei antes: são divisões imaginárias que os adultos inventaram e desenharam no mapa, separando as pessoas em lugarzinhos diferentes.
Cultura, eu acho, é como as pessoas pensam e se comportam.
E raça, eu realmente não entendi o que é raça...
Agora eu entendo tudo muito mais, mas ainda não sei falar...
Às vezes, quando está tudo em silêncio, eu faço barulhos. E quando alguém fala comigo eu respondo. Do meu jeito, porque ainda não sei usar as palavras. Mas gosto de responder para eles saberem que eu entendo o que eles dizem.
Sabe o que é engraçado? Os adultos acham que porque não sabemos falar nós não os entendemos.
É justo o contrário: nós entendemos tudo. São eles que não nos entendem. Aliás, é importante dizer: é mais difícil falar do que entender. No meu caso, é mais complicado: meu pai fala em uma língua e minha mãe fala em outra.
Explico: os adultos dividiram a Terra em países, e cada país tem a sua língua. A língua (não a que fica na boca, e sim as palavras que saem dela) é algo próprio de cada país. Tem alguns países que usam línguas muito parecidas. E ainda tem países que usam várias línguas.
Complicado.... só sei que a Terra é muito dividida: em línguas, países, culturas e raças.
Língua é como as pessoas falam.
Países eu já falei antes: são divisões imaginárias que os adultos inventaram e desenharam no mapa, separando as pessoas em lugarzinhos diferentes.
Cultura, eu acho, é como as pessoas pensam e se comportam.
E raça, eu realmente não entendi o que é raça...
terça-feira, 13 de agosto de 2013
SEMANA 34 - A Vacina e os Adultos
Mais uma vacina.... É uma coisa horrível
Eles me seguram e me picam com uma agulha. É o papai que me segura porque a mamãe tem pena e não consegue.
A mamãe me explicou – desde a primeira vacina – que é para proteger contra doenças. E ela disse, assim como se fosse um detalhe, que a parte chata da vacina é que dói um pouquinho...
Por que os adultos não falam a verdade?
Um pouquinho????
Dói muito! Muuuuuito mesmo.
Nessa horas eu não entendo os adultos. Era melhor eles falarem a verdade.
Eles contam da vida - para nós bebês – como se não existisse dor, perda, separação. Mas nós sabemos de tudo isso. Sabemos melhor que eles porque sentimos tudo para além das palavras.
Será que falar das partes difíceis da vida não seria uma estratégia melhor que fingir que tudo é perfeito?
Minha mãe e meu pai sempre me dizem que não estão tristes quando eu vejo que eles estão tristes. Sempre me dizem que não estão brigando quando eu vejo que eles estão brigando. Sempre me dizem que está tudo bem quando eu estou triste por alguma coisa.
Por que será que eles falam o contrário?
Eles me seguram e me picam com uma agulha. É o papai que me segura porque a mamãe tem pena e não consegue.
A mamãe me explicou – desde a primeira vacina – que é para proteger contra doenças. E ela disse, assim como se fosse um detalhe, que a parte chata da vacina é que dói um pouquinho...
Por que os adultos não falam a verdade?
Um pouquinho????
Dói muito! Muuuuuito mesmo.
Nessa horas eu não entendo os adultos. Era melhor eles falarem a verdade.
Eles contam da vida - para nós bebês – como se não existisse dor, perda, separação. Mas nós sabemos de tudo isso. Sabemos melhor que eles porque sentimos tudo para além das palavras.
Será que falar das partes difíceis da vida não seria uma estratégia melhor que fingir que tudo é perfeito?
Minha mãe e meu pai sempre me dizem que não estão tristes quando eu vejo que eles estão tristes. Sempre me dizem que não estão brigando quando eu vejo que eles estão brigando. Sempre me dizem que está tudo bem quando eu estou triste por alguma coisa.
Por que será que eles falam o contrário?
terça-feira, 6 de agosto de 2013
SEMANA 33 - Os países
Depois da fantástica viagem de avião, chegamos no país onde moram a “abuela” e o “abuelo” – a Espanha. Eles sempre dizem que é longe, mas eu confesso que não percebi porque acabei dormindo e quando acordei já estávamos chegando.
Pelo que eu entendi, os adultos dividem o planeta em pedaços. Um país é um desses pedaços da Terra. Mas ainda não entendi como eles fazem pra separar esses pedaços; não sei como inventam esses desenhos.
Por que uns países são maiores que outros?
E por que tem países onde as pessoas falam várias línguas diferentes, e por que em vários países diferentes as pessoas falam a mesma língua?
E parece que a sua vida de bebê pode variar muito de um país para outro.
Aqui na Espanha, por exemplo, os adultos deixam os bebês acordados até bem mais tarde! Dizem que é porque eles têm que aproveitar o verão. Também, aqui na Espanha não tem babás, ou pelo menos eu não vi. Não tem mulheres vestidas de branco com os bebês nas pracinhas que nem lá perto de casa.
Como será em outros países? Será que os bebês dormem em berço que nem eu durmo; ou será que dormem em algum outro lugar? Será que comem papinhas ou será que comem comida de adulto? Será que tomam banho todo dia? Será que mamam no peito sempre que querem?
Eu queria saber!
A única coisa que sei até agora é que meu pai e minha mãe são de países diferentes. E é por isso que meu pai fala diferente da minha mãe.
Pelo que eu entendi, os adultos dividem o planeta em pedaços. Um país é um desses pedaços da Terra. Mas ainda não entendi como eles fazem pra separar esses pedaços; não sei como inventam esses desenhos.
Por que uns países são maiores que outros?
E por que tem países onde as pessoas falam várias línguas diferentes, e por que em vários países diferentes as pessoas falam a mesma língua?
E parece que a sua vida de bebê pode variar muito de um país para outro.
Aqui na Espanha, por exemplo, os adultos deixam os bebês acordados até bem mais tarde! Dizem que é porque eles têm que aproveitar o verão. Também, aqui na Espanha não tem babás, ou pelo menos eu não vi. Não tem mulheres vestidas de branco com os bebês nas pracinhas que nem lá perto de casa.
Como será em outros países? Será que os bebês dormem em berço que nem eu durmo; ou será que dormem em algum outro lugar? Será que comem papinhas ou será que comem comida de adulto? Será que tomam banho todo dia? Será que mamam no peito sempre que querem?
Eu queria saber!
A única coisa que sei até agora é que meu pai e minha mãe são de países diferentes. E é por isso que meu pai fala diferente da minha mãe.
terça-feira, 16 de julho de 2013
SEMANA 32 - O avião
Eu passeei de avião!
Minha mãe disse que o avião voa, que íamos voar, mas eu fiquei sentada e não voei nada... Muita decepção....
Primeiro minha mãe me colocou para mamar no peito sem eu pedir. Eu aceitei. Depois, meus pais fizeram um piquenique que veio em uma bandeja e eu... adivinhem? A papinha de sempre. Mas dessa vez em potinho.
Estou me desinteressando das papinhas. Outro dia eu tava na minha cadeirinha comendo a minha comida de sempre quando vi que a comida que o meu pai e a minha mãe estavam comendo: era muito mais colorida! E muuuuuito melhor! Eu mergulhei em cima do prato do meu pai e fiz a maior confusão.... Por que eles me dão essa comida sem graça e comem uma comida com cara muito melhor?
No avião, descobri que o tal piquenique que vem na bandeja é uma tal de comida industrializada, uma novidade e tanto da vida aqui na Terra.
Aí, alimentada, eles me colocaram num bercinho e eu dormi. Meus pais estavam preocupados sobre como seria a viagem, e não foi nada demais. Para mim foi bem decepcionante... Já para eles foi impressionante porque foi muito mais fácil do que haviam imaginado.
Na verdade é mais fácil viajar agora do que depois. Nós – bebês - não temos necessidade de nos mover e podemos ser confortados com peito ou mamadeira. Além disso a gente não chuta a poltrona da frente nem derrama a bebida e nem precisa ir ao banheiro justo na hora em que os carrinhos de comida estão bloqueando o caminho! Eu vi as crianças maiores fazendo muita confusão!
Eu não voei, como havia imaginado....
Parece que aqui na Terra, só os pássaros voam.
Eu já sabia – pelo curso de preparação – que aqui a espécie humana não pode voar. Mas achei- quando minha mãe disse que íamos voar no avião – que alguma nova descoberta havia sido feita e que finalmente os humanos poderiam voar.
É o avião que voa. Nós não...
Minha mãe disse que o avião voa, que íamos voar, mas eu fiquei sentada e não voei nada... Muita decepção....
Primeiro minha mãe me colocou para mamar no peito sem eu pedir. Eu aceitei. Depois, meus pais fizeram um piquenique que veio em uma bandeja e eu... adivinhem? A papinha de sempre. Mas dessa vez em potinho.
Estou me desinteressando das papinhas. Outro dia eu tava na minha cadeirinha comendo a minha comida de sempre quando vi que a comida que o meu pai e a minha mãe estavam comendo: era muito mais colorida! E muuuuuito melhor! Eu mergulhei em cima do prato do meu pai e fiz a maior confusão.... Por que eles me dão essa comida sem graça e comem uma comida com cara muito melhor?
No avião, descobri que o tal piquenique que vem na bandeja é uma tal de comida industrializada, uma novidade e tanto da vida aqui na Terra.
Aí, alimentada, eles me colocaram num bercinho e eu dormi. Meus pais estavam preocupados sobre como seria a viagem, e não foi nada demais. Para mim foi bem decepcionante... Já para eles foi impressionante porque foi muito mais fácil do que haviam imaginado.
Na verdade é mais fácil viajar agora do que depois. Nós – bebês - não temos necessidade de nos mover e podemos ser confortados com peito ou mamadeira. Além disso a gente não chuta a poltrona da frente nem derrama a bebida e nem precisa ir ao banheiro justo na hora em que os carrinhos de comida estão bloqueando o caminho! Eu vi as crianças maiores fazendo muita confusão!
Eu não voei, como havia imaginado....
Parece que aqui na Terra, só os pássaros voam.
Eu já sabia – pelo curso de preparação – que aqui a espécie humana não pode voar. Mas achei- quando minha mãe disse que íamos voar no avião – que alguma nova descoberta havia sido feita e que finalmente os humanos poderiam voar.
É o avião que voa. Nós não...
terça-feira, 9 de julho de 2013
SEMANA 31 - Engatinhando!
Estou engatinhando! É uma coisa incrível. A mais incrível dos últimos tempos!
Tudo mudou.
Eu posso ir de um lugar a outro!
Antes, eu só mudava de lugar sendo carregada por alguém. Podia ser no carrinho, no colo, no berço, mas eram os adultos que me colocavam em um lugar, ou em outro lugar.
Agora, se estou em um lugar e quero mudar, posso ir sozinha, sem precisar de ninguém!
É incrível. Mas não é só uma questão de ir de um lugar a outro.
É uma questão de poder DECIDIR onde ir.
É maravilhoso!
Requer esforço. Eu ainda não sei engatinhar bem. Mas já consigo buscar objetos do meu interesse; seguir um barulho; e algo sensacional: procurar (e achar!) a mamãe se ela sai de perto de mim.
Decidir é quando você escolhe o que fazer.
Na nossa vida de bebês, temos pouquíssimo poder de decisão. E pelas minhas observações, parece que quanto mais independência conquistamos, maior poder de decisão adquirimos – será?
Nossa vida, neste momento, é determinada por termos – ou não – uma mamãe e um papai que nos ame. Entender, vocês já sabem, eles nos entendem pouco. Mas quando eles nos amam (e na maioria das vezes isso acontece) eles passam o tempo todo nos ensinando coisas, para um dia podermos decidir sozinhos.
Engatinhar é um dos primeiros grandes passos no caminho para a independência!
Tudo mudou.
Eu posso ir de um lugar a outro!
Antes, eu só mudava de lugar sendo carregada por alguém. Podia ser no carrinho, no colo, no berço, mas eram os adultos que me colocavam em um lugar, ou em outro lugar.
Agora, se estou em um lugar e quero mudar, posso ir sozinha, sem precisar de ninguém!
É incrível. Mas não é só uma questão de ir de um lugar a outro.
É uma questão de poder DECIDIR onde ir.
É maravilhoso!
Requer esforço. Eu ainda não sei engatinhar bem. Mas já consigo buscar objetos do meu interesse; seguir um barulho; e algo sensacional: procurar (e achar!) a mamãe se ela sai de perto de mim.
Decidir é quando você escolhe o que fazer.
Na nossa vida de bebês, temos pouquíssimo poder de decisão. E pelas minhas observações, parece que quanto mais independência conquistamos, maior poder de decisão adquirimos – será?
Nossa vida, neste momento, é determinada por termos – ou não – uma mamãe e um papai que nos ame. Entender, vocês já sabem, eles nos entendem pouco. Mas quando eles nos amam (e na maioria das vezes isso acontece) eles passam o tempo todo nos ensinando coisas, para um dia podermos decidir sozinhos.
Engatinhar é um dos primeiros grandes passos no caminho para a independência!
terça-feira, 2 de julho de 2013
SEMANA 30 - O olhar
Eu contei para vocês outro dia sobre um monte de coisa que os adultos precisam fazer para a gente, porque chegamos aqui sem realmente saber nos virar no mundo físico....
E me lembrei do curso de preparação: nós somos os bebês mais prematuros de todas as espécies! Funciona assim porque precisamos ser pequeninos para caber no canal do parto.
Nós precisamos de muitas coisas – alimento, proteção, calor, amor... – é tanta coisa que os adultos acabam achando que a gente não sabe fazer nada....
Por outro lado, aprendemos tanto e tão rapidamente logo nos primeiros meses:
- viver fora da barriga
- respirar sozinhos
- mamar no peito (ou na mamadeira...são ambos muito difíceis...)
- dormir longe do colo da mamãe
- reconhecer pessoas, olhar nos seus olhos
- mexer o corpo
- sentar
É muito assunto para aprender! De tudo o que eu aprendi até agora, o que eu gosto mais é de olhar o que está a minha volta.
E sobretudo olhar as pessoas. Eu fico fascinada com os olhos porque pelos olhos dá para entender tudo o que está acontecendo dentro da pessoa. É só prestar atenção. Tenho a impressão de que os olhos contam o que a pessoa está vivendo... e isso me encanta.
É por isso que a gente entende tão bem os adultos, mesmo quando ainda não sabemos entender o significado das palavras. Está tudo dito no olhar. É só olhar!
Apesar de achar que minha mãe me entenda - na maioria das vezes - apenas com um olhar, eu sei que isso não acontece com a maioria dos adultos. Eles nos olham, nos olham, e não nos entendem!
E me lembrei do curso de preparação: nós somos os bebês mais prematuros de todas as espécies! Funciona assim porque precisamos ser pequeninos para caber no canal do parto.
Nós precisamos de muitas coisas – alimento, proteção, calor, amor... – é tanta coisa que os adultos acabam achando que a gente não sabe fazer nada....
Por outro lado, aprendemos tanto e tão rapidamente logo nos primeiros meses:
- viver fora da barriga
- respirar sozinhos
- mamar no peito (ou na mamadeira...são ambos muito difíceis...)
- dormir longe do colo da mamãe
- reconhecer pessoas, olhar nos seus olhos
- mexer o corpo
- sentar
É muito assunto para aprender! De tudo o que eu aprendi até agora, o que eu gosto mais é de olhar o que está a minha volta.
E sobretudo olhar as pessoas. Eu fico fascinada com os olhos porque pelos olhos dá para entender tudo o que está acontecendo dentro da pessoa. É só prestar atenção. Tenho a impressão de que os olhos contam o que a pessoa está vivendo... e isso me encanta.
É por isso que a gente entende tão bem os adultos, mesmo quando ainda não sabemos entender o significado das palavras. Está tudo dito no olhar. É só olhar!
Apesar de achar que minha mãe me entenda - na maioria das vezes - apenas com um olhar, eu sei que isso não acontece com a maioria dos adultos. Eles nos olham, nos olham, e não nos entendem!
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