Hoje é Natal.
Entendi que o Natal quer dizer três coisas:
- O Papai Noel traz presentes para os meninos e para as meninas.
- As famílias se encontram e comem juntas.
- Minha mãe me leva na missa da catedral porque é aniversário do Menino Jesus.
A Catedral – vou explicar - é onde mora o Menino Jesus e a mãe dele, que se chama Nossa Senhora. É também onde um moço conta uma história chamada PAI NOSSO, que é a mesma que a minha mãe me conta antes de eu ir dormir.
O que não entendi é porque as três coisas se juntam.
Por que o Papai Noel traz presentes no dia do aniversário do Menino Jesus?
E por que a família precisa estar reunida para o Papai Noel deixar os presentes?
Hoje tenho muitas perguntas e poucas respostas...
Além do mais, minha mãe me vestiu toda de vermelho, todo mundo adorou e
resolveu me pegar no colo. Também não entendi muito bem porque. Estou cansada, já vi muita gente e agora vou dormir.
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Abaixo as ditaduras!
Como eu fiz um mês, essa semana ganhei mais visitas. Vieram vários chamados AVÓS e eu gostei muito deles. Eu sou bem animada pra uma festa e adoro quando as visitas conversam comigo. Não gosto quando elas conversam só com a mamãe e acham que eu não entendo nada.... Também não gosto quando as visitas trazem presentes para mim e minha mãe nem sequer me mostra.
Minha mãe também gosta das visitas– mas outro dia ela dormiu no meio da conversa. Mamãe que se prepare – ela tá se achando cheia de energia – mas essa adrenalina vai durar pouco, é a adrenalina que veio de brinde junto com o meu nascimento.
Já percebi que o moço chamado PAI, aquele que eu já contei pra vocês, tem boa intuição. Ele fala pouco, presta muito atenção em tudo e consegue perceber o que não é dito. Ele tem mais chance de entender o que está fora das palavras. Por isso estou gostando dele. Menos quando é hora de dormir, então eu não gosto porque eu fico lá, sozinha no meu carrinho, e ele dorme pertinho da minha mãe.
Mas pelo menos de dia minha mãe deixa eu ficar deitada no colo dela. E quer saber? Ela adora quando eu estou em cima da barriga dela, com minha cabeça sobre seu coração. Ela sente uma paz enorme quando estou ali. Está chovendo bastante, e ela aproveita pra dormir quando eu durmo. Chuva é uma coisa linda, é um monte de água voando.
Minha mãe ainda balança: “Será que eu devia deixá-la no carrinho pra ela aprender a dormir sozinha?” Então o PAI inventou uma teoria pra convencê-la. Disse que o mundo já tem muita ditadura, pra ela parar de pensar em regras. Ninguém precisa de ditadura dentro de casa!
Ditadura? Ih, a televisão - aquela caixa incrível que contei pra vocês - tá falando de uma ditadura muito ruim em um lugar chamado SÍRIA. Eu vi e a situação lá não está nada boa. Não quero ditadura aqui dentro de casa não. Ai que medo da ditadura, vou chorar....
Minha mãe me abraçou, eu já parei de chorar e agora vou explicar melhor: Ditadura é quando uma só pessoa manda em todas as outras e não ouve ninguém. Começa a dar confusão porque um manda em todo o resto, e esses outros não gostam. Mas tem gente que defende esse “um” que manda e luta por ele. E vira uma briga enorme.
Eu não entendo. Por que o ditador, esse chamado Assad, não vai embora de lá pra todo mundo parar de brigar?
É difícil mesmo entender a vida na Terra...
Minha mãe também gosta das visitas– mas outro dia ela dormiu no meio da conversa. Mamãe que se prepare – ela tá se achando cheia de energia – mas essa adrenalina vai durar pouco, é a adrenalina que veio de brinde junto com o meu nascimento.
Já percebi que o moço chamado PAI, aquele que eu já contei pra vocês, tem boa intuição. Ele fala pouco, presta muito atenção em tudo e consegue perceber o que não é dito. Ele tem mais chance de entender o que está fora das palavras. Por isso estou gostando dele. Menos quando é hora de dormir, então eu não gosto porque eu fico lá, sozinha no meu carrinho, e ele dorme pertinho da minha mãe.
Mas pelo menos de dia minha mãe deixa eu ficar deitada no colo dela. E quer saber? Ela adora quando eu estou em cima da barriga dela, com minha cabeça sobre seu coração. Ela sente uma paz enorme quando estou ali. Está chovendo bastante, e ela aproveita pra dormir quando eu durmo. Chuva é uma coisa linda, é um monte de água voando.
Minha mãe ainda balança: “Será que eu devia deixá-la no carrinho pra ela aprender a dormir sozinha?” Então o PAI inventou uma teoria pra convencê-la. Disse que o mundo já tem muita ditadura, pra ela parar de pensar em regras. Ninguém precisa de ditadura dentro de casa!
Ditadura? Ih, a televisão - aquela caixa incrível que contei pra vocês - tá falando de uma ditadura muito ruim em um lugar chamado SÍRIA. Eu vi e a situação lá não está nada boa. Não quero ditadura aqui dentro de casa não. Ai que medo da ditadura, vou chorar....
Minha mãe me abraçou, eu já parei de chorar e agora vou explicar melhor: Ditadura é quando uma só pessoa manda em todas as outras e não ouve ninguém. Começa a dar confusão porque um manda em todo o resto, e esses outros não gostam. Mas tem gente que defende esse “um” que manda e luta por ele. E vira uma briga enorme.
Eu não entendo. Por que o ditador, esse chamado Assad, não vai embora de lá pra todo mundo parar de brigar?
É difícil mesmo entender a vida na Terra...
sábado, 8 de dezembro de 2012
Fazendo um mês
Hoje eu faço um mês!
Minha tia avó chegou em casa de manhã com um bolo lindo e um balão – ela acha fundamental cantar parabéns, ainda que eu só tome leite. Ela é assim, muito animada.
Mas melhor que o bolo lindo foi o que aconteceu depois: tive a minha consulta médica de 1 mês. E a grande surpresa: tenho hoje o mesmo peso do que quando nasci – isso quer dizer que estou muito magrinha... e pelas reações ao meu redor, parece não ser boa coisa...
O pediatra estranhou – e com muita diplomacia explicou pra minha mãe as suspeitas dele: Mamãe está com pouco leite. Ela ficou arrasada, mas o moço chamado PAI e o pediatra conseguiram convencê-la de que mais vale um bebê feliz com leite em pó do que um infeliz com pouco leite de mãe.
E agora a melhor notícia do meu primeiro mês de vida: o pediatra sugeriu a ela deixar de lado a teoria das 3 horas e amamentar sempre que eu quiser!
(Parece que está começando a ficar na moda uma nova teoria... se chama “livre demanda”!)
O problema dos adultos é esse: querer achar fórmula para tudo como se uma fórmula pudesse servir para todos os bebês. Mas nós – bebês – somos todos diferentes. Pode dar livre demanda à vontade pra um bebê regular, e ele vai pedir pra mamar a cada 3 horas. Finalmente alguém que me entende! Hoje começa minha nova vida, livre dos horários!
Oba, ganhei colo e leite! Posso pedir sempre que eu quiser. Vocês vão ver, a partir de agora vou passar a chorar menos. O que é estranho em chorar apenas para dizer que quero ir para o colo? Cheguei há pouco nesse mundo – vamos dizer a verdade – um mundo bem estranho. Essa história toda de mundo físico dá muito trabalho, muita dor, muita fome – e mais do que tudo – uma certa solidão.
Eu tava ali dentro da barriga da mamãe feliz da vida – quentinha e me sentindo conectada com o resto do universo. Havia ali uma compreensão, uma paz, uma aceitação – acho até que dá pra dizer – uma plenitude. Sobre isso, vocês - que ainda não chegaram na Terra - sabem bem, né? Dessa vez não preciso explicar. Aqui fora tudo isso sumiu... Não entendo nada, me sinto desconectada, incompreendida, incompleta. E o lugar que mais chego perto da nossa antiga plenitude é no colo da mamãe.
Vamos falar a verdade, essa vida terrena não é fácil não - esse negócio de estarmos todos separados me parece muito complicado. E o pior é que todo mundo acredita – quer dizer – todo mundo depois dos cinco ou sete anos.
Vai ver que é por isso que tá todo mundo chorando pela partida de um moço... um com nome difícil...Niemeyer acho....vai ver que quando ele estava na Terra, o pessoal não dava colo pra ele....agora que ele voltou para o mundo dos bebês, perceberam como faz falta isso de não estar próximo....talvez fosse mais fácil se prestassem mais atenção pro querer colo dos outros enquanto estão do lado deles....
Mas não quero pensar em nada triste porque estou muito feliz hoje! O pediatra convenceu mamãe a me dar leite sempre que eu quiser e isso é realmente pra comemorar! Tô até pensando em parar de acordar durante a noite. Se eu ficar o dia todo no colo da mamãe, dou uma trégua à noite porque ninguém é de ferro!
Minha tia avó chegou em casa de manhã com um bolo lindo e um balão – ela acha fundamental cantar parabéns, ainda que eu só tome leite. Ela é assim, muito animada.
Mas melhor que o bolo lindo foi o que aconteceu depois: tive a minha consulta médica de 1 mês. E a grande surpresa: tenho hoje o mesmo peso do que quando nasci – isso quer dizer que estou muito magrinha... e pelas reações ao meu redor, parece não ser boa coisa...
O pediatra estranhou – e com muita diplomacia explicou pra minha mãe as suspeitas dele: Mamãe está com pouco leite. Ela ficou arrasada, mas o moço chamado PAI e o pediatra conseguiram convencê-la de que mais vale um bebê feliz com leite em pó do que um infeliz com pouco leite de mãe.
E agora a melhor notícia do meu primeiro mês de vida: o pediatra sugeriu a ela deixar de lado a teoria das 3 horas e amamentar sempre que eu quiser!
(Parece que está começando a ficar na moda uma nova teoria... se chama “livre demanda”!)
O problema dos adultos é esse: querer achar fórmula para tudo como se uma fórmula pudesse servir para todos os bebês. Mas nós – bebês – somos todos diferentes. Pode dar livre demanda à vontade pra um bebê regular, e ele vai pedir pra mamar a cada 3 horas. Finalmente alguém que me entende! Hoje começa minha nova vida, livre dos horários!
Oba, ganhei colo e leite! Posso pedir sempre que eu quiser. Vocês vão ver, a partir de agora vou passar a chorar menos. O que é estranho em chorar apenas para dizer que quero ir para o colo? Cheguei há pouco nesse mundo – vamos dizer a verdade – um mundo bem estranho. Essa história toda de mundo físico dá muito trabalho, muita dor, muita fome – e mais do que tudo – uma certa solidão.
Eu tava ali dentro da barriga da mamãe feliz da vida – quentinha e me sentindo conectada com o resto do universo. Havia ali uma compreensão, uma paz, uma aceitação – acho até que dá pra dizer – uma plenitude. Sobre isso, vocês - que ainda não chegaram na Terra - sabem bem, né? Dessa vez não preciso explicar. Aqui fora tudo isso sumiu... Não entendo nada, me sinto desconectada, incompreendida, incompleta. E o lugar que mais chego perto da nossa antiga plenitude é no colo da mamãe.
Vamos falar a verdade, essa vida terrena não é fácil não - esse negócio de estarmos todos separados me parece muito complicado. E o pior é que todo mundo acredita – quer dizer – todo mundo depois dos cinco ou sete anos.
Vai ver que é por isso que tá todo mundo chorando pela partida de um moço... um com nome difícil...Niemeyer acho....vai ver que quando ele estava na Terra, o pessoal não dava colo pra ele....agora que ele voltou para o mundo dos bebês, perceberam como faz falta isso de não estar próximo....talvez fosse mais fácil se prestassem mais atenção pro querer colo dos outros enquanto estão do lado deles....
Mas não quero pensar em nada triste porque estou muito feliz hoje! O pediatra convenceu mamãe a me dar leite sempre que eu quiser e isso é realmente pra comemorar! Tô até pensando em parar de acordar durante a noite. Se eu ficar o dia todo no colo da mamãe, dou uma trégua à noite porque ninguém é de ferro!
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